Uma reflexão sobre os Leigos e as Bem-aventuranças.
Por Fátima Bazeggio*
Foto: Gerd Altmann por Pixabay
O Bem-aventurado José Allamano, pai de uma família de missionários, sempre recomendou a vivência de uma espiritualidade viva e encarnada na realidade com todos os desafios que se apresentam. Os LMC (Leigos Missionários da Consolata) sabem da importância de viver a sua vocação na sociedade e na Igreja.
Em alegre comunhão com a Igreja e seu pastor o Papa Francisco, os LMC se servem das catequeses do Papa Francisco “para curar o mundo” elaborando em forma de bem-aventuranças as lições que o Papa propõe em seu documento.
Bem-aventurados os que promovem a dignidade humana
A harmonia faz reconhecer a dignidade humana, aquela harmonia criada por Deus, com o homem no centro.
Peçamos ao Senhor que nos conceda um olhar atento aos irmãos e irmãs, especialmente aos que sofrem. Como discípulos de Jesus, não queremos ser indiferentes ou individualistas.
Queremos reconhecer em cada pessoa a dignidade humana, qualquer que seja a sua raça, língua ou condição.
Que o Senhor nos “restitua a vista” para redescobrir o que significa sermos membros da família humana.
E que este olhar se revele em ações concretas de compaixão e respeito por cada pessoa e de cuidado e tutela pela nossa casa comum.
Bem-aventurados os que se colocam ao lado dos pobres
“O próprio Cristo, que é Deus, despojou-se, fazendo-se semelhante aos homens; e não escolheu uma vida de privilégio, mas escolheu a condição de servo (cf. Fl 2, 6-7)”.
Os seguidores de Jesus são reconhecidos pela sua proximidade aos pobres, aos pequeninos, aos doentes, aos presos, aos excluídos, aos esquecidos, a quantos não têm comida nem roupa (Mt 25, 31-36)
Que o Senhor nos inspire a olhar a necessidade do irmão com olhar de compaixão e com coragem responder às necessidades do mundo de hoje.
Só a partir deste amor concreto, ancorado na esperança e fundado na fé, será possível reconstruir o mundo e torná-lo mais saudável.
Bem-aventurados os compassivos
Solidariedade significa muito mais do que algumas ações esporádicas de generosidade.Supõe a criação de uma nova mentalidade para pensar em termos de comunidade com vistas ao direito e à justiça.
A solidariedade é a única opção para pensar em um mundo pós pandemia, para curar as doenças pessoais e sociais, restabelecer a economia e a ecologia.
Somente a solidariedade guiada pela fé permite-nos traduzir o amor de Deus na nossa cultura globalizada, não construindo torres nem muros mas tecendo comunidades e apoiando processos de crescimento verdadeiramente humano e sólido.
Que o Espírito Santo nos dê coragem para gerar novas formas de fraternidade, de hospitalidade e solidariedade universal.
Bem-aventurados os que pensam no bem comum
“O verdadeiro amor, que nos torna fecundos e livres, é sempre expansivo e inclusivo, amor que cuida, cura e faz bem. Muitas vezes faz melhor uma carícia do que muitas argumentações.”
Um vírus que não conhece barreiras, fronteiras, distinções culturais nem políticas deve ser enfrentado com um amor sem barreiras, fronteiras nem distinções.
Este amor pode gerar estruturas sociais que nos encorajam a partilhar em vez de competir, que nos permitem incluir os mais vulneráveis em vez de os descartar, e que nos ajudam a expressar o melhor da nossa natureza humana e não o pior.
O verdadeiro amor não conhece a cultura do descarte, pois quando amamos, geramos criatividade, confiança e solidariedade, daí emergem iniciativas concretas para o bem comum.
Bem-aventurados os que cuidam da casa comum
“ Cada um de nós pode e deve tornar-se um “guardião da casa comum”, capaz de louvar a Deus pelas suas criaturas, de contemplar as criaturas e de as proteger.”
É importante recuperar a dimensão contemplativa na natureza. Olhar para a terra, para criação como um dom, e não como algo a ser explorado para fins lucrativos.
Quando contemplamos, descobrimos nos outros e na natureza algo muito maior do que a sua utilidade.
Contemplar é ir além da utilidade de uma coisa. Contemplar a beleza não significa explorá-la: contemplar é cuidado e gratuidade.
Quando nos reconhecemos como parte da criação, tornamo-nos protagonistas e não meros espectadores.
Aqueles que contemplam desta forma sentem-se maravilhados não só pelo que veem, mas também porque se sentem parte integrante desta beleza, sentindo-se chamados a preservá-la e a protegê-la.