Uma relação de puro afeto

Comunicação assertiva entre avós e netos.

Por Ana Margarete Silva*

“Vovó, que coisa linda é você em nossa vida de família junto com o vovô! Todo dia é seu dia; você enche de alegria o nosso coração, pois somos parte de você” (Ir. Míria Kolling). Esta canção fala do coração que enche e não que esvazia, de sentir-se parte do outro; não há espaço para o egoísmo; impera o nosso, não o meu.

A imagem dos avós não está relacionada exclusivamente às pessoas idosas, mas ainda persiste essa tradição cultural que se tem deles. Os avós ainda são percebidos como amorosos, cheios de histórias para contar e cheios de mimos. Jovens ou idosos, podem ser divertidos e participativos na vida familiar, junto aos seus netos. A imagem deles pode transparecer muito romantizada diante das realidades que nos cercam, em que muitos idosos são abandonados, explorados, agredidos, esquecidos, desrespeitados nos seus direitos. Não podemos negar isso, mas podemos falar de um amor maior, capaz de transformar tudo.

Deus valoriza esta etapa da vida e nos ensina a cuidar dos nossos idosos no presente, para que o futuro seja possível. A eles, concede o direito de esperançar, porque são vidas não pela metade, mas inteiras. Sem os nossos avós seríamos como árvores sem raízes, com história e genealogia incompletas.

Laços de ternura

O contato com os avós é importante no desenvolvimento afetivo das crianças; a relação de carinho entre eles transmite sensação de bem-estar, segurança, proteção, confiança... A convivência com os netos cria laços profundos de ternura; é uma oportunidade que os avós sentem em demonstrar toda sua afetividade e sentimentos; representa uma força que os renova e os impulsiona a viver com intensidade. Avós e netos é um dos mais belos encontros de amor que não envelhece.

Essa relação de afetividade e amorosidade foi afetada pela pandemia. Inimaginável que, para preservar a saúde física dos avós, os netos precisaram se distanciar daqueles. Tornou-se um período desafiador de aprendizado e novas formas de comunicação. Reinventar-se não é coisa nova para os avós; aqui, ancestralidade torna-se memória viva e colorida, cheinha de coisas do seu tempo. Nossos avós sempre tiram coisas novas de coisa velhas, numa permanente lição de vida, que pandemia nenhuma poderá apagar, nem a distância enfraquece. Não dá para chegar perto e nem abraçar. O afastamento foi do contato físico e não do afetivo; assim surge uma nova comunicação assertiva, as redes sociais, para reafirmar: Vovó, que linda é você em nossa vida de família!

*Ana Margarete Silva é Leiga Missionária da Consolata em Roraima.