A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar. (Fernando Birri)
de Fátima Bazeggio
Se buscarmos no dicionário da Wikipedia o significado de utopia, encontraremos: "descrição de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições sócio políticas verdadeiramente comprometidas com o bem estar da coletividade.” Com base nessa descrição, seria então a utopia uma forma de esperança, que encontra raízes na vida concreta do indivíduo?
Tomemos como exemplo o povo brasileiro, que mantém sempre, apesar das adversidades, uma esperança saudável, que o impulsiona a caminhar, em busca de ver germinar a justiça e a paz, mesmo em condições de fome e de miséria. Como cristãos conscientes, temos a responsabilidade de estimular o povo a descobrir as utopias, que estão no horizonte de nossas vidas, para vencer o pessimismo e investir em projetos necessários na busca de mais justiça e dignidade.
“Nós havemos de ver, qualquer dia chegando a vitória, o povo nas ruas, fazendo a história. Crianças sorrindo em toda a nação.“ (Zé Vicente)
A fé é a esperança em Deus
A industrialização e a alta tecnologia nos fizeram esquecer que a terra está sendo saqueada e seus recursos naturais, tratados como objetos, do qual a humanidade dispõe de forma irresponsável. A conversão ecológica deve levar a uma mudança de coração e atitude para com o sagrado das águas, da floresta e dos povos que vivem nelas. A utopia de vivermos em harmonia com relação a tudo que existe, é uma forma de deixar uma herança ecológica para as futuras gerações.
A mística contida nos ensinamentos de Jesus nos fornece inúmeras pistas para testemunhar sua prática, tão atual naqueles tempos, como agora. É notável no sermão da montanha, como é descrita a utopia de um reino de amor, onde os pobres e pequeninos, são objeto de sonhos, que se alimentam na perspectiva de um reino de amor e humildade. Todas as religiões partem de um pressuposto de solidariedade e fraternidade com o cosmo e as culturas, os povos e os necessitados, esperando ver realizar um dia o ideal que desponta na história. “Eu não concebo a existência, fora do sonho e da utopia” (Paulo Freire).
Isso fala diretamente para todo povo, que acaba de passar pelo pesadelo de uma pandemia, que matou homens, mulheres e crianças, mas não conseguiu impedi-los de sonhar com dias melhores. Sim, devemos olhar a realidade criticamente, porém sempre acompanhada de criatividade de sonhar com liberdade de pensamento, liberdade religiosa, no bem comum, em uma organização político social que ofereça sem distinção, Teto, Trabalho e Terra (os três Ts do Papa Francisco).
Utopia: Mario Quintana. Se as coisas são inatingíveis... ora! não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas!