Iniciar o caminho de abertura aos leigos até a condivisão do Carisma, empenhando-se no acompanhamento e na formação
Por Fátima Bazeggio e Carlos Roberto Marques *
Sessenta anos antes que o Concílio Vaticano II o fizesse, José Allamano abriu para os leigos as suas portas, não para tê-los como simples expectadores, ou destinatários da Missão, mas para formá-los e fazer deles agentes do projeto missionário que nascia.
Algumas décadas depois, a constituição dogmática Lumen Gentium identificaria a vocação laica ao afirmar que “os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que, só por meio deles, ela pode ser o sal da terra”, concluindo que “os leigos vivem no mundo e são chamados por Deus para que aí, exercendo seu próprio ofício, concorram para a santificação do mundo”.
João Paulo II, em sua exortação apostólica Christifideles Laici, de 1988, manifesta uma justificada preocupação, ao referir-se às dificuldades e perigos do caminho dos leigos no pós-Concílio, como o exclusivo interesse pelos serviços e tarefas eclesiais, abdicando-se das suas responsabilidades temporais, ou a falta de coerência entre vida de fé e vida terrena. Em outras palavras, esquecer-se de que é leigo e de qual é, como leigo, sua verdadeira missão e onde é seu campo de missão.
O Documento de Aparecida (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 2007), repetindo frase do Documento de Puebla (III Conferência), reafirma, em relação aos leigos: “São homens da Igreja no coração do mundo e homens do mundo no coração da Igreja”. No VII Capítulo Geral, 1993, refletindo sobre a vocação laica, e baseadas em documentos da Igreja e nas orientações do próprio Fundador, as Irmãs Missionárias da Consolata decidem “iniciar o caminho de abertura aos leigos até a condivisão do Carisma, empenhando-se no acompanhamento e na formação” (Uma Vida pela Missão: Ir. Pia Clara, IMC, 2009, pág.63). Finalmente, no X Capítulo Geral (Nepi, 2011), o Instituto das Irmãs reconhece-os como “novo sujeito carismático” (Atos Capitulares, 11).
Ainda em 1993, as Irmãs no Brasil convidaram para um encontro um grupo de leigos que já mantinham com o Instituto ou suas obras alguma relação, e que demonstravam certa sintonia com o Carisma. Desse encontro, com as irmãs Joselice Santi e Pia Clara, nasceu a primeira comunidade de LMC no Brasil, a de São Paulo. Outras depois foram se constituindo, estando hoje em atividade, além de São Paulo, as de Votuporanga, Jandira, Jardim São Bento, São Miguel Paulista e Rio de Janeiro. Mas a semente foi lançada lá atrás, pelo próprio Fundador, o Bem-aventurado José Allamano.