Encontro virtual discute vocação, espiritualidade e missão do leigo na Igreja Sinodal.
Por Fátima Bazeggio *
Em um ano repleto de desafios, os Leigos Missionários da Consolata (LMC) das comunidades que pertencem à Região Brasil, se encontraram no dia 27 de novembro, via Google Meet, para refletir e aprofundar “a vocação e missão laical, na Igreja e no mundo, iluminados pelo carisma do Bem-aventurado José Allamano”.
Sob a condução dos LMC Orestes Asprino e Janice Oliveira dos Santos, foram apresentados os pilares da identidade do leigo: vocação, espiritualidade e missão.
A fala do papa Francisco sobre a Igreja Sinodal iluminou e permeou o debate e o aprofundamento do tema: “o mundo em que vivemos e que somos chamados a amar e servir, mesmo nas suas contradições, exige de nós o reforço das sinergias, em todas as áreas de sua missão”.
Na primeira parte, partindo dos aspectos de uma identidade civil, psicológica, política e pessoal, com uma visão própria de ver o mundo e a si mesmo, passando pela identidade religiosa, chegou-se ao questionamento de pertencimento à família missionária, fundada pelo Bem-aventurado José Allamano.
Questionamentos
Alguns questionamentos foram levantados, para reflexão:
A vocação é uma resposta ao chamado de Deus à Santidade. Este chamado vem de forma sempre clara e de fácil compreensão?
O Bem-aventurado José Allamano nos introduz a uma espiritualidade Bíblica, Eucarística e Mariana. Permito que o Espírito de Jesus conduza a minha espiritualidade?
Nossa missão é trinitária. Como aparece o apelo de filiação e fraternidade universal no cotidiano?
Na segunda parte, adentrando na exortação apostólica do papa João Paulo II, Christifideles Laici, em um breve retrospecto, apresentou-se a caminhada da Igreja desde o seu nascimento, passando pela Idades Média e Moderna até chegar no Concílio Vaticano II, que rejeitou o esquema, até então vigente, de uma organização piramidal, para uma instituicao comunitaria e circular. Hoje reafirmamos esse conceito, usando o nome de Sinodal.
João Paulo II na referida exortação, elucida de maneira detalhada, a temática dos leigos, sob o pano de fundo da parábola dos trabalhadores da vinha.
Segundo o papa, a vinha é o mundo inteiro, que deve ser transformado, segundo o plano de Deus em ordem, ao advento definitivo do Reino de Deus e os trabalhadores são os homens e as mulheres que Ele chama e envia para trabalhar nela.
Nas palavras do papa, podemos recordar duas tentações, que nem sempre conseguiu-se superar: a de mostrar exclusivo interesse pelos serviços eclesiais, ao ponto de chegar a abdicar das responsabilidades específicas, no mundo profissional, econômico, cultural e político. E a segunda tentação, de legitimar a separação entre fé e vida e sua atividade na sociedade.
Portanto, a Christifideles Laici deixa claro que o protagonismo do leigo no mundo deve impregnar e fermentar todas as realidades que vivemos. Saber reconhecer as sementes do Verbo, respeitar a Casa Comum, as comunidades minoritárias e os marginalizados pelos sistemas sociais. Desta forma, renovados pela graça de Deus, devemos ordenar a realidade temporal a Ele, elevando e santificando toda a sociedade, em suas diversas instâncias.
Partilha
Em grupos, os LMC partilharam, quais são as dificuldades e desafios para viver a sua vocação, espiritualidade e missão no cotidiano da vida.
A provocação resultou em uma rica partilha que sem dúvidas, deverá ao longo do ano de 2022, ser retomada e refletida, para maior amadurecimento e aprofundamento, do que hoje representa ser Leigo Missionário da Consolata.
Em sintonia com toda a Igreja, os leigos também se colocam a caminho, com vistas ao Sínodo que se avizinha, assim como a Assembleia do CELAM, no México, e o Ano Jubilar Missionário. Tudo isso se entrelaça e aponta para o ideal da Igreja que, cada vez mais, assume seu ser missionário.
Sabemos que esta Assembleia não é apenas um evento dentro de um calendário, mas um momento de graça e um fio condutor, que fará de nós missionários e missionárias, mais abertos à Palavra de Deus. Amparados pelo amor maternal da Consolata e conduzidos pelo Espírito, que tudo santifica, pedimos luzes para não deixar apagar a chama do carisma, que o Bem-aventurado José Allamano deixou à Igreja e a nossa família missionária.
